Agua de açude

No Brasil a cultura do desperdício é muito forte.
Desperdiçamos comida, tempo e oportunidades, pois preferimos ficar deitado de braços abertos esperando a providência divina.
Você consegue imaginar um cidadão no meio da Caatinga baiana,deitado de boca aberta esperando a chuva cair? Eu também não.
As costas arderiam a um solo que pode chegar a 60 graus, uma desidratação ferrenha o faria morrer em algumas horas.
Por isso, esse mesmo brasileiro que mora com sua família no meio do deserto, em época de seca, anda a pé kilômetros de sol escaldante e noites perigosas em estradas esburacadas e criminosas, para chegar ao litoral a procura de oportunidades, já que a mesma não bate a sua porta.
Isso pode ser motivador, a fome pode ser motivadora, a necessidade é uma fonte motivadora, mas a zona de conforto também é deveras motivadora.Alias uma motivação maléfica.
Ficar de braços cruzados e reclamar da falta de oportunidades é a primeira coisa que fazemos.Somos de uma geração de adultos mimados “reclamões”.
O governo, o capitalismo, a globalização, o Diabo, todos tem culpa, menos nós!
Quando vamos fazer alguma coisa para melhorar nossas próprias condições de vida?Não poderíamos otimizar e dinamizar nossas vidas?Será que temos que ter no quintal de casa um açude de água barrenta para saciar a sede de nossas crianças?Será que precisamos dessa imagem degradante, para reagir diante da crise?
O povo anda muito cheio de direitos, mas os deveres estão bem longe do cidadão comum, pois queremos chegar ao céu, mas não queremos morrer por isso.